Ao 13º mês de 2020...
POR FAVOR, tenham cuidado porque as pessoas estão a ficar loucas por voltarem a estar trancadas
Diário de bordo, entrada 391, 25 de janeiro
Ao 13º mês de 2020…
Voltámos a casa. Estamos outra vez em confinamento. Mais apertado, não como o de março e abril é certo, pois, parece que perdemos o medo e a sensibilidade aos números de novos casos e vítimas.
E a propósito disto, estava eu a comentar e a partilhar as minhas angústias com o micro-ondas e a máquina de expresso enquanto bebia o meu café e todos concordamos que as coisas estão mesmo MUITO quentes.
Não gosto nada de me sentir vigiada...
Mas a máquina de lavar não tirava o olho de cima de mim. Mas dizer-lhe o quê? Logo ela que tem sempre uma lavagem... diferente para tudo.
Meu querido diário como me recomendas-te, procurei encontrar conforto, uma palavra de esperança e de alento mas...
Com o frigorífico, certamente não pude contar, porque está sempre em modo frio e distante, para não dizer gelado.
Valeu-me o ferro que estava à escuta dos meus lamentos e prontamente me endireitou!
Disse que a situação não está tão amarrotada como parece e que todas as rugas logo serão eliminadas! Seja lá isso quando for.
Grande ajuda ferro...
O aspirador, esse, está mais antipático do que é costume, disse-me para apenas engolir. Pois aqui está o resultado das poeiradas que andámos a fazer.
Já o ar condicionado. Está mais optimista e disse que quando chegássemos ao verão traria ventos frescos de esperança e de que logo, logo tudo acabaria.
Opinião não partilhada com o aquecedor que aquece... aquece de cada vez que se fala neste tema aqui em casa.
Mas quando isto é que vai acabar????
Aproximei-me da casa de banho, mas a sanita parecia com pouca descarga. Não quis dizer nada quando lhe pedi a opinião. Assim como a banheira e o lavatório.
Não.
Tenho de sair daqui. Tenho de espairecer e de apanhar ar... disse eu.
Dirigi-me então para a porta da rua e num piscar de olhos trancou-se, assim que me aproximei dela. Entrei em pânico... Ainda me aproximei e agarrei na maçaneta mas disse-me para me controlar.
Querido diário quase podes adivinhar o que as cortinas e as janelas disseram.... Recompõe-te mulher!
Estamos nisto juntas...
Havemos de ultrapassar isto juntas!
Desenho a lápis de cor
O meu primeiro desenho de 2021. Uma rosa.
Dizem que nada acontece por acaso. E talvez tenham razão! A escolha desta rosa não só se prendeu, em parte, para experimentar novas ferramentas de apoio ao desenho, pelo meu estado de espírito (está tudo bem por aqui felizmente)... Mas sobretudo lembrei-me de que tinha, também eu, de agradecer a todos aqueles que, diariamente, lutam contra esta pandemia que assola o planeta. Sejam eles médicos, bombeiros, professores, enfermeiros, pessoal que trabalha no comércio, policias e tantos outros...
Aos doentes, familiares e sobretudo aos que infelizmente perderam as suas vidas. Partilho uma rosa que acalente esperança, a luz nestes dias tão sombrios. E possa trazer um pouquinho de conforto.
E, por favor, de cada vez que têm de sair, usem máscara, andem com gel desinfectante e sobretudo... mantenham as distâncias.
Podem não ser vocês a apanhar, mas um vosso familiar e depois... depois poderá ser tarde demais.
Juntos vamos ganhar esta guerra!